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Noticia Arquivada

UTE Pecém terá padrão da UE


Lisboa. Imagine-se em uma pequena localidade onde convivem lado a lado a praia e uma unidade de geração de energia tendo como matriz o carvão, atendendo a parâmetros de segurança ambiental monitorizados. Este lugar é Sines, na região do Alentejo, onde está a Central Térmica da EDP de Portugal, com características semelhantes a que está sendo construída no Pecém, em São Gonçalo do Amarante. A não ser pela distância de apenas 8 Km entre a UTE Pecém e o litoral, e pela tecnologia empregada no projeto cearense – mais moderna -, os dois empreendimentos guardam a mesma filosofia. A idéia é assegurar na produção um comportamento de gestão ambiental responsável, garantem.

O diretor da Central Térmica de Sines, Jorge do Carmo, apresentou ontem a jornalistas cearenses como é a operação da usina portuguesa. Ao seu lado, o presidente da UTE Pecém, Moacyr Carmo, fez um paralelo do que se verá na produção de energia na unidade do Ceará a partir de 2011, quando serão gerados 720 MW.

A maior atenção da imprensa foi direcionada a entender como funcionam e a que tipo de impactos o meio ambiente está sujeito nos dois empreendimentos. Segundo Jorge do Carmo, ´Sines é hoje a terceira usina ibérica em eficiência na emissão de CO²´. Como se trata de um projeto implantado desde a década de 80, vem agregando tecnologias para dar garantias à comunidade quanto ao controle ambiental em seu processo produtivo.

Jorge do Carmo foi claro ao afirmar que não é possível minimizar as emissões de CO², pois não há tecnologia disponível. Todos os outros componentes liberados na produção com base no carvão – dióxido de enxofre, óxido de nitrogênio e partículas – são mantidos nos níveis exigidos de forma rigorosa pela Comunidade Européia e pelos parâmetros da própria EDP, dona da usina.

Metade do CO²

No caso da UTE Pecém as emissões de CO² serão relativamente metade do que a térmica de Sines libera na atmosfera por unidade de produção, segundo Carlos Cavaleiro, diretor de Construção e Operação da usina cearense.

Isso ocorre, segundo explicou, porque a geração de energia no Pecém ficará em torno de 60% por ano, dependendo de chegar a plenitude conforme ordem de despacho do Operador Nacional do Sistema (ONS). Já em Sines, a produção é ininterrupta, respondendo por entre 18% e 20% do consumo em Portugal.

De acordo com Jorge do Carmo, a energia gerada por Sines desde 1985 daria para o fornecimento de Portugal durante quatro anos e meio.

A usina de Sines utiliza água do mar no processo produtivo. No Pecém, a água para resfriamento das torres será doce e bruta, fornecida pela Cogehr-CE (Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará). Serão necessários 500 metros cúbicos de água por hora para as duas unidades (720 MW), sendo adotado o sistema de reuso do líquido.

ACORDO DE FINANCIAMENTO
BID vai monitorar térmica com rigor

Lisboa. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com base em parâmetros do Banco Mundial (Bird) irá, controlar rigorosamente durante 15 anos a UTE Pecém. Isso acontecerá, segundo o presidente da térmica, Moacyr Carmo, como parte do acordo de financiamento de US$ 147 milhões a unidade cearense.

O monitoramento, reforça, independentemente do BID, é parte da política dos parceiros do projeto e será aplicado no Ceará, da mesma forma que ocorre em Sines. Na usina portuguesa existe uma sala de situação acompanhada 24 horas por dia e, na entrada da empresa, um painel reproduz como estão as emissões no ambiente.

Carmo lembra que o contrato de financiamento com o BID está sendo rediscutido e, até o fim deste mês devera ser assinado. Também está em andamento um convênio com a Universidade Federal do Ceara (UFC) para investigar cinzas remanescentes do processo produtivo, cujo valor ainda não foi definido.

Segundo o presidente da UTE Pecém, a legislação ambiental brasileira é considerada branda comparada a existente na Europa. Ainda assim, ele reitera que a usina cearense atendera a níveis internacionais relativos ao limite de emissões.

 

(Fonte: Diário do Nordeste – Fortaleza – Editoria: Negócios)