A Del Monte estuda aumentar a produção de abacaxi no Ceará se o dólar continuar elevado. Hoje a empresa tem 1.200 hectares (ha) plantados numa área de quatro mil ha pronta para expansão.
A propaganda oficial do Governo do Estado, divulgada em revistas nacionais, diz que o Ceará alcançou o primeiro lugar no Brasil na produção de abacaxi, rosas e flores tropicais. O feito porém não é novidade vez que desde o final de 2002, quando foi feita a primeira exportação, a Del Monte Fresh, instalada no Estado, é líder nacional na produção da fruta, 100% exportada para a Europa. A empresa estuda produzir mais abacaxi no Ceará se o dólar continuar elevado. Hoje a empresa tem 1.200 hectares (ha) plantados numa área de quatro mil ha prontos para expansão. Ela exporta aproximadamente 1,2 milhão de caixas/ano.
O gerente jurídico e de relações institucionais do Grupo Del Monte no Brasil, Newton Assunção, adianta que se a tendência de alta do dólar continuar a ampliação da área de produção pode chegar a 1.700 ha no final de 2009. A empresa transnacional, de origem norte-americana, instalada há 10 anos no Ceará, desenvolveu a tecnologia – variedade MD2 também conhecida como Del Monte Golden – que hoje é de domínio público. O diretor de Agronegócios da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), Francisco Zuza de Oliveira, diz que existem produtores começando a produzir esse tipo de abacaxi para a exportação.
Para Zuza, isso é fruto da estratégia do governo estadual de atrair empresas com tecnologia, mercado e dinheiro para investir. “O resultado aos poucos passa a ser absolvido pela região”, comenta, ressaltando que no caso das rosas isso também está acontecendo. Conta que em muitas fazendas da Serra da Ibiapaba que cultivam rosas os trabalhadores já são 100% cearenses. Ressalta que hoje o Estado tem 40 ha em estufas de rosas e que mais de 60% das rosas exportadas no Brasil são do Ceará.
O diretor de Agronegócios da Adece afirma ainda que o principal produto na pauta de exportação de flores do Brasil é o bulbo de Amarílis que é produzido por empresas atraídas de São Paulo e da Holanda que desenvolveram a tecnologia no município de Paraipaba. Quando chega no mercado norte-americano a Amarílis, produzida no Ceará, vai para prateleira dos supermercados em pequenas caixas.
Zuza afirma que o agronegócio cearense exportou no ano passado US$ 508,5 milhões, o que representa 45% de todas as exportações do Estado que totalizaram US$ 1,14 bilhão. Ele destaca a participação das frutas frescas (15,2%), cuja exportação cresceu 56% de 2006 para 2007.
No ano passado somaram US$ 77,4 milhões e para 2008 a estimativa é de US$ 100 milhões.
No Ceará a Del Monte também planta melão. Tem cerca de dois mil hectares plantados com a fruta em Quixeré e exporta 4,2 milhões de caixas/ano. Assunção salienta que a empresa hoje é a maior movimentadora de cargas do Porto do Pecém porque até a banana produzida no Vale do Açu, no Rio Grande do Norte, é exportada via Pecém.
O diretor da Del Monte diz que, por enquanto, a companhia que atua no mundo inteiro não sofreu os efeitos negativos na crise financeira mundial. Explica que a banana, o carro-chefe do grupo é tido quase como uma commodity, um produto essencial, que deve se manter estável no mercado mundial. A valorização do dólar também favorece as exportações.
(Fonte: O POVO – FORTALEZA – Geral – 01/12/2008 – Editoria: Economia)